Os números são alarmantes, de um cenário de guerra. Mas a batalha contra o tabagismo está longe de ser vencida.
A ligação entre o tabagismo e as doenças cardiovasculares, com destaque para os acidentes vasculares cerebrais, são as principais causas de mortes no mundo: 17,7 milhões de pessoas por ano. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente, a epidemia mata mais de 7 milhões de pessoas pelo tabagismo; destas, 900 mil são vítimas do fumo passivo.
Dados da OMS apontam mais de 1 bilhão de fumantes no mundo, em que cerca de 80% vivem em países de baixa e média rendas. Entre 1990 e 2015, a porcentagem de fumantes diários no Brasil caiu de 29% para 12% entre os homens e de 19% para 8% entre as mulheres. Predominante entre o sexo masculino, a cada 4 homens, 1 é fumante.
Especialistas explicam que as campanhas nos últimos anos contribuíram para a redução do uso do tabaco, no entanto, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima 31,2 mil novos casos de câncer de pulmão no país, em 2018.
Com as mudanças de hábitos, a indústria tenta se adaptar com outros tipos de cigarro, como o eletrônico – proibido no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) – e o consumo do narguilé, que também tem crescido entre o público adolescente e jovem. “O tabagismo aumenta em até 30 vezes o risco de câncer em comparação a não fumantes e o uso do narguilé, ao contrário do que se pensa, potencializa os efeitos nocivos das mais de 4.700 substâncias tóxicas, já que uma hora do seu consumo equivale a 100 cigarros comuns – o cachimbo d’água tem 100 vezes mais alcatrão, 4 vezes mais nicotina e 11 vezes mais monóxido de carbono. Sem contar que o compartilhamento da piteira incorre na transmissão de outras doenças, como herpes, hepatite e tuberculose. Pais, estejam atentos!”, ressalta Icanor Ribeiro, cardiologista do Instituto de Doenças do Coração de Londrina (InCor).
Uma pesquisa recente realizada em Curitiba, Paraná, analisou mais de 300 crianças que convivem com fumantes, diariamente. Os dados alarmaram o aumento de doenças respiratórias entre o grupo, quando comparado às crianças não expostas ao tabaco.
Segundo a médica Débora Chong, membro do Departamento de Pneumologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, os registros apontaram aumentos na procura pelo Pronto Atendimento com diagnóstico de problemas respiratórios e asma, também no uso de antibióticos para tratar essas infecções. “Quando exposta ao tabaco desde a gestação, ou durante a infância, é comprovada a perda da função pulmonar dessa pessoa também na vida adulta”, salienta.
Números das Nações Unidas do Brasil (ONUBR), mostram um cenário preocupante: mais de 24 milhões de crianças entre 13 e 15 anos fumam cigarros – 17 milhões de meninos e 7 milhões de meninas. Outros 13 milhões consomem produtos de tabaco “sem fumaça”.
Principais riscos à saúde
- Acidente Vascular Cerebral
- Cânceres diversos: pulmão, bexiga, lábios, língua, faringe, laringe, esôfago, mamas, dentre outros
- Disfunção erétil
- Doenças respiratórias
- Infarto
Quando diagnosticado precocemente, estima-se 90% de chance de cura. Em estado avançado, a expectativa de vida vai de 6 meses a 2 anos, em média.
O tratamento na rede particular varia entre R$ 5 mil e R$ 500 mil. O Brasil tem prejuízo anual de R$ 56,9 bilhões com o tabagismo. Desse total, R$ 39,4 bilhões são gastos com despesas médicas e R$ 17,5 bilhões com custos indiretos ligados à perda de produtividade, causada por incapacitação de trabalhadores ou morte prematura.
Quero parar!
O Sistema Único de Saúde oferece opções de tratamento gratuito para quem deseja largar o vício. É necessário buscar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para informar-se e aderir ao programa.
Em Londrina, há ainda o Ambulatório do Tabagismo, no Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Londrina. Para ingressar no programa de tratamento, a pessoa deve procurar a UBS mais próxima e se inscrever (confira os endereços e telefones no site da Prefeitura de Londrina). Então, o fumante passará por uma avaliação clínica para indicação ou não do uso de medicamentos complementares, dentre outras atividades de apoio.
Fontes: Organização Mundial da Saúde, Nações Unidas do Brasil, Instituto Nacional do Câncer, G1.